Tem dias que os membros do actual governo sofrem de assomos de conservadorite - normalmente é às terças, quintas e sábados, porque às segundas, quartas e sextas é mesmo reaccionarismo puro e aos domingos reúnem-se para conselhos de ministros extraordinários.
Agora deu-lhes para formularem uma proposta que visa reprimir os autores de "grafitis, afixações, picotagem e outras formas de alteração, ainda que temporária, das características originais de superfícies exteriores de edifícios, pavimentos, passeios, muros e outras infraestruturas", aplicando coimas entre os 100 e 25.000 euros.
Especialmente rebuscado o argumento de que estas formas de expressão contribuem "para aumentar um sentimento subjetivo de insegurança em largas franjas da população". Ora, quanto a sentimentos que tais "actos de vandalismo" dispertam em largas franjas da população, eu podia lembrar-me de uns quantos. Por exemplo, o sentimento de que quem os pratica devia ser obrigado a pintar as paredes ou até ser obrigado a limpar as paredes que sujou com a língua; o sentimento de que isto é um bando de gaiatos mal-educados que deviam levar um chapadão nas orelhas a ver se aprendiam a não sujar o que não é deles, ou que é de todos, blábláblá, etc. Agora que os graffiti disseminem sentimentos subjectivos de insegurança, sobretudo numa altura em que se tornaram um fenómeno absolutamente omnipresente nos espaços urbanos, até em zonas ditas de classe média e alta, realizados por betinhos alternativos, é algo que não lembra nem ao diabo.
Um gajo fica então a perguntar-se onde terão estes governantes ido buscar esse "sentimento subjectivo", senão ao seu próprio sentimento de insegurança enquanto governantes, e à predisposição automática para temerem tudo o que cheira a expressão de inconformismo realizada à margem dos poderes instituídos: através de um estudo estatístico efectuado nas cidades onde a street art é comum, ou simplesmente andando pelas ruas, ou nos transportes públicos, a ouvir os que as pessoas dizem sobre o assunto, é que não foi de certeza.
Aliás, tudo fica esclarecido quando o ministro da administração interna faz a ressalva que não se deve "confundir este tipo de atividades com arte que se realiza também em espaço público, em muitos casos em espaços disponibilizados para o efeito". Ora aí está! Desde que devidamente autorizado pelas autoridades tudo se transforma mágico-institucionalmente em arte: temos um duchampiano da contextualização no ministério da administração interna!
Para fechar em chave de ouro, Miguel Macedo "determina ainda a possibilidade de perda dos bens empregues neste tipo de atividades a favor do Estado". Nacionalização dos meios de produção de vandalismo, para pôr ao serviço dos artistas autorizados o que for expropriado aos seus congéneres selvagens, já?
. Tentáculos
. Assuntos Internos
. Pasteleira Clube do Alentejo
. Sociedade Portuguesa de Suicidiologia
. Associação Portuguesa de Satanismo (a voz do satanismo em Portugal)
. Centro de Cultura Libertária (Almada)
. Centro de Cultura Anarquista Gonçalves Correia (Aljustrel)
. ASS (Advisory Service for Squatters)
. O pintor «oferece o seu corpo», diz Valéry. E, com efeito, não se vê como poderia um espírito pintar. É emprestando o seu corpo ao mundo que o pintor transmuta o mundo em pintura.» Merleau-Ponty
. Associação Cultural da Língua Alentejana
. Relações Internacionais
. Church of the Flying Spaghetti Monster
. Igreja Universal do Reino de Deus
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. Alvos, Puros e Imaculados
. Orlan
. Artilharia Blogoesférica
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. Rebeldia
. Agitação
. Lazer e Recreio
. «Sei que se estivesse louco, e internado há alguns dias, aproveitaria o primeiro alívio do meu delírio para assassinar friamente quem apanhasse à mão (médico, de preferência).»
. Fornos, Carvão e Lenha
. Curso de Artes Visuais - Multimédia (Universidade de Évora)
. FBAUL
. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (Universidade Nova de Lisboa)
. «Aquele que traz no coração o cadáver da infância, há-de sempre educar almas já mortas.» Raoul Vaneigem
. Sentimento Objectivo de E...
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